quinta-feira, 25 de junho de 2015

Objetivas, profundidade de campo e distância hiperfocal.

É muito comum ouvirmos pessoas se referindo à objetiva fotográfica como lente. Como visto na imagem ao lado, há um equívoco nesta afirmação, uma vez que uma objetiva é, geralmente, formada por um conjunto de lentes com funções diferentes como, por exemplo, correções de aberrações cromáticas, distorções geométricas, etc. Nesta postagem, iremos sempre nos referir à objetivas fotográficas e aos efeitos do uso de aberturas do diafragma e das distâncias focais sobre o número de planos nítidos na imagem. 
Um dos aspectos mais importantes da operação de objetivas fotográficas se refere ao controle de exposição oferecido pelo diafragma, ou seja, ao controle da quantidade de luz ideal para formarmos uma imagem sem áreas demasiadamente superexpostas ou subexpostas. Na figura abaixo, notamos "dentes" que se articulam para aumentar ou diminuir o diâmetro do orifício pelo qual a luz passa em direção ao sensor da câmera.
Também devemos citar como função de objetivas, o controle da profundidade de campo, ou seja, do número de planos que estarão nítidos na imagem registrada. Isso significa que é possível priorizar nitidez em um plano e desfocar os demais. Quanto maior a abertura do diafragma, menor a profundidade de campo. Note que a profundidade de campo atua em um intervalo que se inicia pouco antes do plano priorizado para nitidez e segue além dele até o limite estabelecido pelas configurações utilizadas no momento da captura da imagem.

Devemos nos atentar à representação do valor de abertura do diafragma pela letra "f". Valores de f baixos representam grandes aberturas do diafragma enquanto valores altos representam diafragmas mais fechados.
Além da abertura do diafragma, a distância focal de cada objetiva também interfere na profundidade de campo e está diretamente relacionada com o ângulo de visão e com a aproximação do objeto (zoom). Quanto maior a distância focal, menor o campo de visão e maior a aproximação. Uma das conseqüências mais óbvias do aumento da distância focal utilizada é a perda do número de planos nítidos, ou seja, há uma diminuição da profundidade de campo.
Mas, talvez, uma das maneiras mais eficientes de se aumentar a profundidade de campo é se distanciando do objeto fotografado. Note que, como visto na postagem sobre Fator de Corte, o tamanho dos sensores das câmeras tem influência no ângulo de visão das objetivas.
A figura abaixo resume as relações estabelecidas até agora:
-Quanto maior a abertura do diafragma, menor a profundidade de campo.
-Quando maior a distância focal, menor a profundidade de campo.
-Quanto maior a distância do objeto, maior a profundidade de campo.

Em objetivas com distância focal variável (zoom), deve-se prestar atenção nos valores de f referentes às aberturas máximas do diafragma de acordo com a distância focal. Por exemplo, para uma objetiva 18-200mm com f 3.5-5.6, a leitura é feita da seguinte maneira: quando a distância focal for 18mm, o valor máximo de abertura do diafragma será 3.5 e, quando estiver em 200mm, 5.6. Ou seja, diminui-se a quantidade de luz recebida pelo sensor em detrimento do zoom aplicado.
Lentes claras (abertura máxima menor ou igual à 2.8) são mais caras por terem a habilidade de manter a abertura do diafragma em qualquer distância focal utilizada.
Para fotografia de paisagens é necessário, ainda, aplicarmos o conceito de distância hiperfocal. O esquema abaixo ilustra tal conceito:

A distância hiperfocal nos permite trabalhar com precisão a quantidade de nitidez aceitável a frente do plano focal. Se estabelecermos o foco exatamente no valor de distância hiperfocal, a nitidez aceitável se inicia na metade do caminho entre o sensor e o plano de foco e continua até o infinito. Assim, para paisagens, devemos respeitar minimamente os valores de distâncias hiperfocais. Se estabelecermos o foco além deste valor, a nitidez continuará até o infinito, mas não aproveitaremos a nitidez aceitável nos planos iniciais da mesma maneira.
A distância hiperfocal é uma propriedade ótica que depende dos valores de diafragma, da distância focal, do tipo de sensor da câmera e do círculo de confusão. Este último diz respeito ao tamanho máximo de impressão e, também, da distância mínima que deve ser mantida afim de que o visualizador continue vendo a imagem com definição. Parece complicado pensar em todos estes parâmetros ao mesmo tempo, mas a produção de tabelas a partir de ferramentas on line para estes cálculos podem nos ajudar a tomar decisões rápidas em relação ao posicionamento do plano focal em uma cena.
Objetivas grande-angulares alcançam nitidez até o infinito com distâncias menores até o plano focal e, por isso, na maior parte das vezes, tais tabelas dão preferência à valores de distância focal que variam de 12mm à 35mm, muito utilizadas para fotografias de paisagens.
Para criar sua própria tabela, clique aqui.
Procure utilizar valores de diafragma extremos com dois ou três valores intermediários como referência para criar uma tabela pensando nas possibilidades de seu equipamento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário